terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Momento de poesia....Eu Sou do Tamanho do que Vejo..de Fernando Pessoa..





Da minha aldeia veio quanto da terra se pode ver no Universo... 
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer 
Porque eu sou do tamanho do que vejo 
E não, do tamanho da minha altura... 
Nas cidades a vida é mais pequena 
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro. 

Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave, 
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu, 
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar, 
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver. 

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos



quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Vencedores Concurso de Leitura Expressiva VI...


Durante os dias 10, 11 e 12 de fevereiro decorreu a VI edição do Concurso de Leitura Expressiva organizada pela BE em articulação com o Departamento do 1º ciclo de Línguas e de Ciências Sociais e Humanas.

Participaram alunos desde o 1º ano ao 9º ano que nos proporcionaram verdadeiros momentos de leitura de qualidade.

Estão de parabéns os alunos e professores que se empenharam para que esta atividade fosse coroada de êxito.

A entrega de prémios será no dia 4 de Março, pelas 18.30h durante a semana da leitura.

Eis os vencedores:
Vencedores de Inglês:


1º Ciclo
4ºG – Mariana Silva
2º Ciclo
5º3 – Vera Costa

Menção Honrosa
6º1 – Cláudio Piló
3º Ciclo
9º1 – Vera Oliveira

Vencedores de Francês:
9º1 - Bruna Cunha


Vencedores de Português:

1º Ciclo

3º G –  Lara Almeida

2º Ciclo 

1 –  Beatriz Silva 
               
6º2 – Diogo Carvalho
  
3º Ciclo

  8º 3 – Luísa Martins            

O Amor é.....




O amor é o início. O amor é o meio. O amor é o fim. O amor faz-te pensar, faz-te sofrer, faz-te agarrar o tempo, faz-te esquecer o tempo. O amor obriga-te a escolher, a separar, a rejeitar. O amor castiga-te. O amor compensa-te. O amor é um prémio e um castigo. O amor fere-te, o amor salva-te, o amor é um farol e um naufrágio. O amor é alegria. O amor é tristeza. É ciúme, orgasmo, êxtase. O nós, o outro, a ciência da vida. 
O amor é um pássaro. Uma armadilha. Uma fraqueza e uma força. 
O amor é uma inquietação, uma esperança, uma certeza, uma dúvida. O amor dá-te asas, o amor derruba-te, o amor assusta-te, o amor promete-te, o amor vinga-te, o amor faz-te feliz. 
O amor é um caos, o amor é uma ordem. O amor é um mágico. E um palhaço. E uma criança. O amor é um prisioneiro. E um guarda. 
Uma sentença. O amor é um guerrilheiro. O amor comanda-te. O amor ordena-te. O amor rouba-te. O amor mata-te. 
O amor lembra-te. O amor esquece-te. O amor respira-te. O amor sufoca-te. O amor é um sucesso. E um fracasso. Uma obsessão. Uma doença. O rasto de um cometa. Um buraco negro. Uma estrela. Um dia azul. Um dia de paz. 
O amor é um pobre. Um pedinte. O amor é um rico. Um hipócrita, um santo. Um herói e um débil. O amor é um nome. É um corpo. Uma luz. Uma cruz. Uma dor. Uma cor. É a pele de um sorriso. 

Joaquim Pessoa, in 'Ano Comum' 

Hearts (The Valentines Day Video)...



Dia dos namorados...o amor anda no ar....


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015






Happy Valentines Day - 2D Animation..14 Fevereiro


Texto da semana...Ver Correr a Esperança...


De bruços sobre o lavatório, abro a torneira, tapo o ralo, fico alguns momentos a ver correr a esperança, que vai enchendo aos poucos a bacia. Depois fecho a torneira e, retirando a tampa, vejo-a escoar-se em gorgolejos que cada vez são mais humanos e mais fundos. É a respiração do ralo, que só então dou conta de que está dentro de mim, por uma dessas distorções a que é costume eu ser atreito e que me impede ainda de me ver no próprio espelho, que, apesar de se encontrar à minha frente, não consigo deslocar do avesso dos meus olhos. Os meus sentidos rangem, solidários com os canos, eles que eu gostaria de poder assimilar ao mar, a um céu azul, desanuviado, e que jamais me dão do espírito visões onde não se encastoem nuvens e rebentem tempestades.
Repito a operação. Mergulho às vezes as mãos na minha esperança, mas retiro-as ao cabo de algum tempo, antes que se transformem em raízes. Destapo uma vez mais o ralo. Assim corre a amizade - penso, olhando o redemoinho -, assim correm os afectos, que, depois de encherem a bacia onde a custo nos lavamos sem os fazermos transbordar, se escoam sem regresso em direcção ao caos. 



Luís Miguel Nava, in 'O Céu Sob as Entranhas (Lembrança de A. Morin)' 


terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Livro do mês de fevereiro








Mia Couto, pseudónimo de António Emílio Leite Couto, nasceu a 5 de Julho de 1955 na Beira, cidade capital da província de Sofala, em Moçambique - África. Adotou o nome, porque tinha uma paixão por gatos e porque o seu irmão não sabia pronunciar o nome dele. Com catorze anos de idade, teve alguns poemas publicados no jornal "Notícias da Beira" e três anos depois, em 1971, mudou-se para a capital, Lourenço Marques ( agora Maputo). Iniciou os estudos universitários em medicina, mas abandonou esta área no princípio do terceiro ano, passando a exercer a profissão de jornalista depois do 25 de Abril de 1974. Trabalhou na Tribuna até à destruição das suas instalações em Setembro de 1975, por colonos que se opunham à independência. Foi nomeado diretor da Agência de Informação de Moçambique (AIM) e  trabalhou como diretor da revista Tempo até 1981, tendo continuado  a carreira no jornal Notícias até 1985. Em 1983, publicou o seu primeiro livro de poesia”, Raiz de Orvalho”. Dois anos depois, demitiu-se do cargo  de diretor para continuar os estudos universitários na área de biologia. 

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